Milhares de adeptos recebem dragões em festa
Luís Pedro Carvalho e Nuno A. Amaral *
Milhares de adeptos do F.C. Porto receberam em euforia, pelas 4 horas desta segunda-feira, os jogadores campeões nacionais. Depois da vitória na Luz (1-2), os campeões uniram-se à festa dos adeptos no varandim do Estádio do Dragão.
A festa foi uma metáfora
ANTÓNIO TADEIA
O jogo que permitiu ao FC Porto vencer o Benfica no Estádio da Luz por 2-1 e assegurar, a cinco jornadas do fim, o título de campeão nacional, foi a metáfora perfeita para a época a cuja competitividade pôs um fim prematuro. Tal como na globalidade do campeonato, discutiram-se as decisões do árbitro, mas o que mais prejudicou o Benfica foram os erros madrugadores do seu guarda-redes Roberto, que abriu a contagem com um autogolo infantil e deu de novo avanço aos líderes com um penálti sobre Falcao. Em abono da verdade, deve dizer-se, porém, que, tal como na Liga completa, não foi por causa de Roberto que o FC Porto venceu. A equipa de André Villas-Boas ganhou o jogo e o campeonato porque foi melhor, porque controlou sempre, porque mesmo a vencer, e mesmo depois de ficar reduzida a dez unidades, por expulsão de Otamendi, impôs a sua mestria táctica, a capacidade de posse de bola, a um Benfica obcecado com a velocidade e a verticalidade do seu futebol mas que se perdeu na vertigem do jogo ao primeiro toque.
A passagem de testemunho, do justo campeão de 2010 para o igualmente justo campeão de 2011, fez-se por várias razões. Fez-se porque o FC Porto progrediu muito como equipa, ganhou consistência, sobretudo nos jogos com os mais pequenos, onde o seu actual futebol de posse é mais indicado que o jogo mais feito de transições que dominava tão bem na época passada. Só por isso o FC Porto chega à 25ª jornada com 23 vitórias e dois empates, em condições de igualar o mítico recorde do Benfica de 1973. Mas fez-se também porque ao Benfica passou a faltar quem contemporizasse: o Benfica de 2010 fazia das mudanças de velocidade uma arma; o actual quer jogar sempre depressa e em vez de destruir o adversário quando acelera entra muitas vezes em processo de autodestruição pela forma como afasta as linhas e perde a bola no processo. Foi isso que aconteceu ontem, por exemplo, quando os cinco da frente imprimiam a tal velocidade furiosa ao jogo e os cinco de trás ficavam (à excepção de Coentrão, o melhor da equipa). No espaço entre estes dois blocos, o novo campeão montou a tenda de onde Fernando, Moutinho e Guarín controlavam o jogo e tiravam quase sempre com sucesso a bola das zonas de pressão.
Mesmo assim, tal como na Liga, onde os erros de Roberto nas primeiras jornadas deram ao FC Porto um avanço que o Benfica nunca foi capaz de anular, foi também de um erro do guardião espanhol que nasceu a vantagem portista. O autogolo com que concluiu um cruzamento de Guarín, logo aos 9 minutos, trouxe ao Estádio da Luz um prenúncio de festa de título que o penálti convertido por Saviola, aos 17', só momentaneamente veio contrariar. É que aos 26', em novo penálti, Hulk recolocou os portistas na frente, pondo ponto final num período louco do jogo, no qual cinco remates originaram três golos.
O último quarto-de-hora da primeira parte, assim como o primeiro do segundo tempo, foram o melhor período do Benfica. Pelo meio, ao intervalo, Jesus chamou Cardozo (que se arrastou pelo campo e acabou expulso) e César Peixoto para os lugares de Jara e Aimar. E foi nessa meia-hora que o Benfica mais vezes ameaçou empatar. Saviola permitiu a defesa a Helton aos 32', na primeira vez que o Benfica acertou um par daquelas tabelas rápidas que tanto gosta de fazer frente à área, e repetiu a graça aos 50', quando dominou a bola na área com espaço para chutar. O Benfica avançava o bloco, tentava encostar o FC Porto às suas redes, mas aí se viu mais uma razão para a passagem de testemunho: a diferença de qualidade de algumas das novas unidades benfiquistas em comparação com as que brilharam na última campanha. Sidnei perdeu aos 57' uma bola para Falcao, que se isolou e falhou um golo cantado. Foi o suficiente para o Benfica esfriar e para o FC Porto voltar a assumir o controlo do jogo, dando início a um período onde o 1-3 esteve sempre mais perto do que o 2-2.
Após a expulsão de Otamendi, aos 70', Jesus reorganizou a equipa, baixando Peixoto para lateral-esquerdo, avançando Coentrão para o ataque e derivando Gaitán para as costas dos dois pontas-de-lança, mas Villas-Boas respondeu bem, trocando o ineficaz Falcao por Maicon (e assim recompondo o quarteto defensivo) e Varela por Belluschi. Passou o FC Porto a jogar em 4x1x3x1, com Hulk só na frente: nunca criou perigo, mas com Belluschi e Moutinho (mais tarde Rodríguez, quando o uruguaio substituiu Guarín) a fecharem os corredores laterais, o FC Porto também impedia o Benfica de ser sistematicamente perigoso: só o era a espaços, sempre através do incremento de presenças na área. Sidnei, lateral-direito após a lesão de Airton, aparecia por lá cada vez mais, e esteve no par de lances em que os encarnados podiam ter festejado o empate. Aos 77' serviu Cardozo, mas o paraguaio cabeceou frouxo para as mãos de Helton; já nos descontos obrigou Helton a mais uma intervenção difícil e viu Gaitán acertar a recarga no poste. O jogo acabava e o FC Porto podia fazer a festa de campeão, já com a ideia no recorde do Benfica de Hagan e no jogo da Taça de Portugal, no mesmo Estádio da Luz. Aí, contudo, as dificuldades serão certamente maiores.
<><><><><><><><><><><><><> <><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><>
FOTOS | VÍDEOS | INFOGRAFIAS | ||
O FC Porto é campeão nacional. Um campeão justo. Um campeão invicto em 25 jogos, com 16 pontos de vantagem sobre o segundo classificado. No jogo da consagração mostrou, como em todos os outros, que é de longe a melhor equipa da competição.
No desporto há que saber ganhar e há que saber perder. O que aconteceu hoje no Estádio da Luz, quando se apagaram as luzes e se accionou o sistema de rega, é o exemplo mais vivo do fair-play de alguma gentalha funcional que gosta de parecer muito educada.
<><><><><><><><><><><><><><><><><><>
<><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><><> El estadio lisboeta apagó los focos mientras los jugadores del Oporto celebraban el éxito sobre el césped. Era demasiado duro para cualquier aficionado del Benfica. Feo gesto, pero hasta cierto punto entendible. (marca.com) <> |